O MinC e o carnaval

"A época do Carnaval talvez seja o período em que as manifestações populares ocorram com mais intensidade em nosso país. O Ministério da Cultura - através de suas Secretarias - tem contribuido, por meio de editais de premiações, Fundo Nacional de Cultura ou pelo mecenato, com diversos grupos folclóricos e artístiscos, das cinco regiões brasileiras, responsáveis por fazerem desses quatro dias os mais felizes pra muita gente". Leia texto completo no sítio web do MinC.

Ainda [e sempre] carnaval!

"As várias manifestações populares que fazem do Carnaval de Pernambuco um dos mais diversificados do país continuam em discussão nesta semana no ciclo de debates Entendendo o Carnaval.
Amanhã (17) e quinta-feira (19), o evento, promovido pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), irá avaliar “Os caboclinhos” e os “Ursos e bois de Carnaval”, respectivamente, junto a mestres, car'navalescos e estudiosos. As palestras acontecem sempre às 19h, no Teatro Arraial, e são gratuitas". Leia matéria completa no espaço colaborativo Pernambuco Nação Cultural.

belém e as madrinhas

Não estou falando de Belém do Pará mas sim do Alexandre Belém, fotógrafo no Recife, e suas imagens com as madrinhas de escolas de samba de alguns bairros da capital. Confira as imagens no Flickr dele. Pena que estão todas com 'direitos reservados' e não dá copia nem pela URL...

Quanta Ladeira na Carta Capital

"Criado há onze anos por um grupo de músicos e publicitários pernambucanos, o Quanta Ladeira tornou-se um dos blocos de carnaval mais escrachados, despudorados e politicamente incorretos do País. No domingo 22, arrastou cerca de 20 mil foliões para a avenida Cais da Alfândega, no centro antigo do Recife. Em duas apresentações, atraiu famosos como Caetano Veloso, o cantor Pedro Luiz e a roqueira baiana Pitty". Leia texto completo de Gilberto Nascimento para Carta Capital.

Sem lenço e sem documento

A festança estava boa em Olinda? Bebeu todas e voltou só de bermuda e Havaianas? A Guarda Municipal de Olinda criou um blog para tentar devolver os 10 mil (isso mesmo) documentos perdidos na cidade durante o carnaval 2009, como informa matéria da AgênciaBrasil: "Durante os próximos quatro meses, os documentos ficarão em poder da Guarda, que depois os encaminhará à central dos Correios. Quem estiver em outra cidade ou em outro estado terá os documentos entregues em casa, pelos Correios, se fizer a solicitação pelo e-mail gmolinda@hotmail.com".

Ainda Fênix: RecBeat em São Paulo - ano 3

"SÃO PAULO - O Rec-Beat já se tornou tradição no Recife, tanto quanto o Galo da Madrugada. A afirmação vinda de Antônio Gutierrez, idealizador do festival que acaba de completar 14 anos (contra 31 do bloco carnavalesco que arrasta multidões todos os anos), pode ser comprovada ao contabilizar o público desta edição: entre 8 mil e 20 mil pessoas nem ligaram para a chuva que caiu sobre grande parte do nordeste neste carnaval e foram curtir o melhor da música pernambucana nos dias de folia". Leia matéria de Lívia Deodato no Estadão.

Ainda dá tempo

"A assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife informou no início da noite desta terça-feira (24) que os shows que aconteceriam na noite da segunda (23), no Pólo da Várzea, e que foram cancelados devido às fortes chuvas, foram transferidos para esta quarta-feira (25). Sendo assim, a partir das 18h30, apresentam-se no palco Silvério Pessoa, Lenine e, encerrando a programação da noite a Orquestra Mucambo e os Passistas do Grupo Leão da Campina". Notícia no JC online.

Das cinzas, Fênix

Charge: Ronaldo|Jornal do Commercio

Não deixa morrer

"Como de costume, Olinda se recusa a encerrar o carnaval e, nesta quarta-feira de cinzas, não é diferente. Pela programação oficial, 49 blocos estão previstos para desfilar por toda a cidade, das 6h da manhã até o final da noite, mas a conta deve ser ainda maior por causa das troças que vão para a rua aproveitar o restinho de fôlego dos foliões". Leia mais no DP online.

Terça (magra, gorda), enfim!

Chove fino e toca jazz. Uma sessão 3D de Batman me aguarda na cabeça ecos (ecos, ecos...) do carnaval Recife-Olinda persistem, todavia. Foram 10 dias de encontro com a música de variada raiz (risoma?) aérea que, além de tudo, é popular, pra pular, que faz o povo feliz! E saber disso e não dizer...

- Mas porque? Diz aí algo então!

A idéia foi estabelecer aqui uma proposta de comunicação compatilhada com algumas pessoas que, a seu modo, tem no carnaval uma chance de se deixar ver o 'sol raiá' mais um dia de felicidade latente. Novas contribuições vão chegar (ainda não acabou, amigo!) e a memória ganha seu registro.

E a sobrevida do blogue? O Analyctics Google, do dia 10 até ontem (23), informa 165 visitas e 252 pageviews. Cada visitante esteve, em média, 4 minutos e 20 segundos no blogue. O que pode significar um número como esse?

[Sujeitos-buscadores de realidades vivem por detrás].

Os milhares de acessos, tão alardeado pela web como a única possibilidade, são realidade distinta (ainda) no trabalho da Mídia Livre.No espaço web, trabalhamos 'um-a-um', os minutos são preciosos na difusão do conteúdo, assim como a atenção de cada visitante é (deveria ser) levada em conta - situação destinta da comunicação massificada. A pesquisa constante, afim de reconhecer e também se apropiar de estratégias de divulgação, e o trabalho em(na)rede devem estar sempre no horizonte dos midialivristas.

- Está ótimo! E o carnaval?

Memória viva dos povos. Raças e cores inexistem nos dias de folia. A água do céu vem e lava tudo, todos. Reclama-se por hábito. Dançar ao som de um 'brega gostoso' ou da mais pura canção tradicional é um desafio que Olinda-Recife conseguem ter e levar adianta. Leva e trás - logo de volta, se faz o favor!

(Quase) sem loção

"...O que se vê são festas de sexo rolando à vontade nos bailes de carnaval no Rio de Janeiro em São Paulo, sacanagem que não acaba mais em Salvador, Recife, Olinda… Mulher pelada é o que não falta no carnaval do Brasil. E sempre foi assim, não vai ser agora que vai mudar. Já está sendo assim agora em 2009, vai ser em 2010, 2011, 2012, etc também vai. O lema é beijar na boca e ninguém é de ninguém...". Conheça esse "blog de humor" aqui.

Recbeat pelo RecifeRock!

"São Pedro resolveu dar uma trégua no segundo dia do Rec-Beat. Parecia até contrato firmado entre céu e terra, pois se este ficou aberto na maior parte da noite, àquela serviu de palco para shows irretocáveis. Tudo redondinho mesmo. Para quem não quiser se dar ao trabalho de ler as linhas abaixo, aqui vai um breve resumo em curtos períodos: River Raid destilou um rockão enérgico em show perfeito. Clay Ross mostrou que nem todo americano que tem vontade de ser brasileiro é chato. Vitor Araújo fez uma apresentação que primou pela emoção. Wyza levou o continente africano para a beira do Capibaribe. E o Eddie lotou completamente o Paço Alfândega, que cantou junto com a banda boa parte dos seus hits. Agora, para os mais pacientes, a coisa um pouco mais detalhada…". Leia texto de Hugo Montarroyos, sobre a segunda noite do RecBeat, na página do RecifeRock!

Ao pé do ouvido de São Pedro

"Olhe bem São Pedro, vamos prosear. Sei que carnaval não é lá coisa de santo, mas veja que a chuva também não. Acho que o senhor se equivocou e está abençoando com água benta do céu a festa errada. Estamos no final de fevereiro, e tu me manda um mundaréu de água? Não pode não. Ontem de noite Antônio Nóbrega, Elba Ramalho e cia ficaram a ver navios em poças gigantes de água. Todos os shows do Marco Zero foram cancelados. Tudo bem que o senhor poupou o Galo, mas os blocos, troças...". Leia texto completo de Carolina Gutierrez (foto) na Rede Diplô.

Na batida, molhadinho

do sábado de carnaval. Desde a tarde de ontem (22), Olinda e Recife eram um grande chuveiro
multicultural, banhando - sem destinção - foliões de todas as origens. Tudo começou em Olinda na concentração do Bloco da Mangueira - na Rua da Bica, vejam só. (veja o post de Freguinha abaixo). Até ai tudo bem, a pessoa se molha, ainda é cedo, vai pra casa e se reorganiza. Mas com a persistência da chuva, a situação à noite ficou mais crítica.

Sem conseguir chegar a tempo de ver Catarina Dee Jah, na abertura do RecBeat - incrivelmente pontual - e uma banda do RN, já rolava Original Hamster no Cais da Alfândega. O chileno mostrou que não é um rato e suou a camisa pra fazer todo mundo bater o corpo sincopado com a sua sonoridade eletrônica. Valeu.

A seguir, DJ Dolores e Banda levou, mais uma vez, seu show 1 Real ao palco. Não adianta, todo mundo gosta sempre de ouvir as mesmas músicas com roupinhas (arranjos) novos. E a chuva caia fina (intervalo para chocolate quente no shopping Paço Alfândega ).

A última e, sem dúvida, mas aguardada atração foi mesmo Eugéne Hütz, líder do Gogol Bordello (ver post de ontem). A proposta 'punk-cigano-carnaval' (ah, tinha dub também!) colou super bem. A mistura quase nonsense de "Russo-Frevo", faixa composta após a primeira visita de Eugéne ao Recife, mostrou que tem gringo no samba sim e todo mundo gosta! Ao final da apresentação, a chuva caiu grossa, gorda, sem dó nem piedade. Todos ficaram, pediram bis. Gogol pintou e bordou.

Sair dali contudo, era a parte final da missão. Com a vista embassada de tanta chuva, a roupa empadada pesando quilos a mais ("O lugar mais seco do meu corpo é o céu da boca", ouvi isso de um carioca), o negócio era pegar um taxi. Disputados à tapa, nem todos os taxistas aceitavam levar passageiros molhados, cena absurda, e até cotovelada pra pegar um deles valeu. Em casa, enfim, a noite terminou assim, com espírito de inverno.

Daqui a pouco, tem Sala da Justiça em Olinda e cafusús outra vez apostos. Estarão os heróis e seus comparsas preparados com suas super-capas (de chuva) protetoras?

Chuvinha desvairada

Começou a desvairada festa e tem gente que sabe o quanto é válido se divertir desde o começo. É atriz beijando homem e mulher, cineasta galanteador, jornalistas fantasiados e muito latão de 2 conto. A festa é boa mesmo, vale tudo mesmo e tem que ser diversão do início ao fim... Eu Acho é Pouco!

Falando em desvairada, parece que hoje a mangueira entrou e alguém esqueceu de fechar... Quem curtiu o Carnaval sambando em Olinda até o fim da tarde teve que tomar um belo banho lá mesmo na rua da bica. Todos de alma lavada, corpo elevado e roupa alagada.

Resultado da enquente#1

A pergunta foi O que é um carnaval multicultural?

A resposta vencedora foi Diversidade humana e musical com quatro votos. Vamos contiuar querendo saber...

Galo, Catarina, Gogol e Mangueira: Putz, Sem Loção!

O carnaval desvairado, enfim, está no ar! Ontem (21), o Recife Antigo recebeu milhares de pessoas pra a abertura do carnaval do Recife. Foram várias atrações, entre elas, Caetano Veloso - ano passado, esse 'trono' foi ocupado por Marisa Monte - e Miúcha (é ela mesma, a irmã do Chico Buarque) cantando frevos com Claudionor Germano.
Mas pelas 19h30, São Pedro decidiu brindar (ou afogar) a todos e suas mágoas em uma chuvarada de hora e meia, melando parte da programação de alguns. Não que o povo tenha deixado de carnavalizar por causa de uma chuvinha, mas é bom cuidar da saúde porque ainda muita água vai rolar até terça-feira...

O Galo da Madrugada, agora Patrimônio Imaterial de Pernambuco, está troando pela Boa Vista, juntando um mundareu de gente animada sob o céu lavado e azul-brilhante desta manhã. Quem não tem o pique do Galo, se prepara para chegar em Olinda (ladeiras, enfim) e encontrar o Bloco da Mangueira e outras troças tantas que circulam por ali. Se quiser chegar na Mangueira, nosso colaborador Freguinha dá o mapa:
"Para chegar à Rua da Bica, a mesma da Menor Casa de Olinda, chegando ao Varadouro não suba pela ladeira da Prefeitura!!! Pegue à esquerda, pelo Cine Duarte Coelho. Vá em frente até chegar ao pé de uma ladeira que dá acesso ao MAC. Também não sobe aí, pega a esquerda novamente e já tá lá!!!!". Fácil, né!?

Depois que Afrika Bambaataa cancelou presença na abertura do RecBeat hoje (ver post de ontem), o pessoal agilizou a presença do Gogol Bordello Eugene Hütz (foto), líder da família ucraniana e figurinha já popular nas budegas sonoras brasucas, para encerrar a noite#1. Catarina Dee Jah ("Vai embora/cai fora/não quero mais não" - foto) abre os trabalhos, que ainda tem os chilenos do Original Hamster e o indefectível DJ Dolores. Ah! E depois de tudo, ainda vale chegar no Francis Drinks, ali na frente da Central de Serviços do Marco Zero, pra festa Putz, Sem Loção! Veja a programação completa do carnaval do Recife aqui.

Porque Afrika Bambaataa não vem

Faz tempo que não vejo um concerto daqueles inimagináveis - consigo projetar Kraftwerk pro futuro próximo e não esqueço ter perdido Beck um dia - e a expectativa pela apresentação de Afrika Bambaataa no RecBeat, 'na faixa', foi crescente desde que se soube da boa nova.
Mas ontem (19), chegou a informação de que, por questões de saúde, Bambaataa não dará conta de sua mini-turnê no Brasil. Fica a consternação e a vontade de um sábado, mesmo assim, cheio de groove.
Veja abaixo (inglês e português) o que ele alegou pra não vir. Leia mais na CBN Recife online:

"Peace Be Unto You,

Sorry to give your some bad news but due to serious breathing problems the tour to Brasil will have to be cancel. It will cause much health problems to be on a plane for long periods of time to my health due to air on the plane and other things. I am sorry cause I really was trying to do everything in my power and The Supreme Force to get well quick to be back home in Brasil,but The Supreme Force and the Universe says other wise that I need to get my health on the one ,until then all traveling for the moment will have to be cancel for now. Sorry for any problems that this might cause,but health is a must. Will be giving all a call today.

Peace and Respect

Afrika Bambaataa"

"Que a paz esteja com vocês,

É com pesar que comunico que devido a sérios problemas respiratórios a turnê no Brasil teve que ser cancelada. Passar longas horas dentro de um avião, entre outras coisas, só iria agravar meus problemas. Eu sinto muito porque estava tentando fazer tudo que podia e apelando para a Força Suprema para melhorar o mais rápido possível e voltar ao Brasil, mas a Força Suprema e o Universo sabiamente dizem que preciso cuidar da minha saúde e até então todas as viagens serão canceladas. Sinto muito por qualquer problema que posso ter causado, mas saúde é prioridade. Estarei falando com todos envolvidos hoje.

Paz e Respeito,

Afrika Bambaata"

Sotaque também é multiculturalidade

Vale registrar que a famosa multiculturalidade do carnaval pode e deve ser percebida também pelas misturas de sotaques brasileiros e gringos que nos acostumamos a ouvir no período mais aclamado de todos os tempos. Que bom saber que não é só o pernambucano que aproveita esta festa maravilhosa. Já vi muito americano, francês e sueco tocando (e muito bem) as alfaias que fazem o chão do Recife Antigo rugir de emoção no Corpos Percussivos. Este grupo encabeçado por Jorge Martins (percussionista de primeira) já vive um carnaval multicultural há tempos.

Esta invasão de sotaques também pode ser percebida em maracatus-nação. O Estrela Brilhante é a sucursal pernambucana dos cariocas batuqueiros. Se você não percebeu, fique de olho e ouvidos abertos quando o estrela passar... Mas não é só nas baquetas que esta invasão acontece. Já tem bloco de estrangeiro passeando por aí e contribuindo para dar mais sentido ao título desta postagem.

Se você conhece um bloco de gringos ou gente de outros estados que participam desta brincadeira desvairada muito mais do que meros espectadores, deixe seu comentário!

Pra dançar ladeira abaixo!

É Carnaval! As ladeiras estão pegando fogo e não poderia deixar passar isso em branco (!), digo, passar sem música. Então é esse o intuito dessa primeira contribuição aqui no blogo.

Em Ladeira Som Sistema, o DJ 440 reuniu algumas das faixas mais legais ligadas ao carnaval. Tem Frevo, Maracatu, Afoxé, além de novas experimentações que surpreenderam em 2008, como a banda olindense Ska Maria Pastora, que mistura Frevo, Ska e Reggae e a banda Sonantes (ver posts anteriores).

Deixando o papo e encheção de linguiça (trema?) de lado, espero que curtam a brincadeira... "Se sua carne é de carnaval e se seu coração é igual", baixe aqui o arquivo que eu subi no Rapidshare:

Lista das Músicas:
Silvério Pessoa - Frevibe
Maracatu New York - Evolução dos Baques (440 edit)
Nara Leão - Atrás do Trio Elétrico
Quinteto Violado e Nara Leão - Pinga Fogo
Claudette Soares - Frevo Rasgado
Ska Maria Pastora - Madeira que cupim não rói
Sonantes - Frevo da Saudade
Erasto Vasconcelos - Olinda mandou me chamar (440 Vr.)

Mantendo o açúcar doce

Tenho ido ao Fortim desde o último domingo. Ano passado fiz a mesma coisa na semana pré-carnavalesca. Tenho certo agora que esse palco tem sido um pólo disseminador do samba carioca, o que faz com que o carnaval aqui na área seja de vários (seria 'todos' pretensão?) os ritmos. O encerramento da programação via Fundarpe foi ontem (18). Depois de tanto skidum com Mart'nália, Moraes Moreira, Velha Guarda da Mangueira, Paulinho da Viola trouxe o zen do samba pro palco – um banquinho, um violão...

Antes dele adentrar, contudo, os Demônios da Garoa mostraram porque estão na estrada há 66 anos! Todos vestidos de branco- saravá!- circularam com desenvoltura entre clássicos, indo de Tom Jobim a Leandro e Leonardo (“Os filhos de Francisco!”, gritou alguém). Ver os coroas da garoa, responsáveis pelas gravações originais e popularização de “Trem da Onze”, “Saudosa Maloca” e “Samba do Ernesto”, me fez lembrar de antigas orquestras, com músicas tocadas sem pausa pra respirar e os saudosos pout-pourris.

Voltamos (ou terminamos) com Paulinho da Viola. Acompanhado de banda e sorridentes backing vocals, o mago dedilhou lindamente o cavaquinho, contou histórias e memórias por detrás das canções (sambas-chorados, amores-perfeitos, dores-das-almas), até falou um tantinho assim demais pra alguns (“Cala a boca e canta!”, também gritaram isso). Mas o homem é da inteligentsia musical brasileira, misturou rico e pobre, samba e chorinho, morro e praia. Ouví-lo falar é honra de quem sabe escutar. E a música era pura hipnose na noite de quarta-feira em Olinda. Veja mais imagens no PE Nação Cultural.

Lambada das Quebradas

Na noite de ontem (17), o Fortim em Olinda recebeu bom público para a penúltima noite da semana pré-carnavalesca organizada pelo Governo do Estado. Após a apresenta do Ska Maria Pastora, banda novinha daqui que mistura reggae e frevo que, mais uma vez, não consegui ver - leia post anterior sobre o 'timing' carnavalesco.

Chegou a vez de DJ Dolores, que trocou sua Aparelhagem por uma Guitarrada instigada, trazendo a sonoridade do norte do Brasil pra pertinho (bem coladinho) de quem tava embaixo.

O ponto alto foi quando Mestre Vieira, considerado o criador da guitarrada, subiu pra enfeitiçar o público com sua tranquilidade de quem sabe o que faz e o virtuosismo com que dedilha as cordas do violão.

Jr. Black propos um desafio ao mestre: tocar com qualquer coisa que aparecesse! Pois Vieira tocou com paliteiro, lata de cerveja, isqueiro, chapinha, peixinho azul de plástico! Sem perder o tom da lambada, tocou com o instrumento nas costas: isso não é brinquedo não!

Pra fechar a noite, o 'novo-velho' baiano Moraes Moreira trouxe cordel, memória e frevo pra todo mundo. Lembrou ( e cantou) o tempo dos Novos Baianos: 1975, as dificuldades, a chegada das crianças, a fome que apertou por uns tempos. E depois, o "Pombo Correio" trouxe a tranquilidade esperada para o músico e sua família. A versão de "Vassourinhas", no final, levantou a moral. Depois de tudo, parte do público 'nonstop' seguiu pro Virguilino, ali mesmo na Rua do Sol, pra festinha de DJ 440 e Incidental. Sobraremos para o carnaval?

O coco, a polícia e a intolerância no carnaval

Em meio a tantas notícias bacanas de atrações, manifestações e eventos que associam a cultura produzida em Pernambuco ao carnaval, na data mesmo em que se abria oficialmente as celebrações de momo, sexta-feira 13, a polícia em Olinda demonstrou, pela segunda vez, não estar preparada para lidar com o protagonismo e empoderamento que o Ponto de Cultura Coco de Umbigada está levando à comunidade de Guadalupe.

Todos estamos solidários ao trabalho do Ponto de Cultura, capitaneado por Beth de Oxum, em prol da cultura popular e da mudança das mentalidades - o passo mais importante e difícil de ser dado.
Segue depoimento da ação militar na última sexta. Leia aqui na íntegra: "DE NOVO, parece mentira ou quem sabe pesadelo, mas uma vez a policia Militar de Pernambuco, atacou o Ponto de Cultura Coco de Umbigada, articulou uma operação de Guerra com mais de 40 policiais, civil e militar, tinha pra mais de 10 carros de policia, tinha Sargento, tinha Tenente, tinha Major, Capitão, até um delegado da Polícia Civil arrumaram, TUDO A MANDO DO MAJOR MARCOS PEREIRA E DO SEU IRMÃO CAPITÃO DANIEL PEREIRA, são moradores da nossa comunidade do Guadalupe, a mãe é evangélica e eles não aceitam, não toleram nem respeitam o nosso Trabalho".

'Valheu, ae!' ou a sambada do finde

E não é que chegar no horário é uma das dificuldades do carnaval! E olha que ainda não estamos nos dias de aperreio de momo, onde o trânsito da massa humana e sobre rodas faz a vida exaustivamente lenta. Percebo então que o carnaval tem seu 'timing' e não vale querer adiantar tanto o relógio da folia.

A programação da semana pré-carnavalesca da Fundarpe é a prova do que digo. Desde a sexta (13), o Fortim do Queijo em Olinda é uma palco bacana que vem recebendo atrações variadas, onde um sabor de samba persiste no ar. Ano passado, estiveram lá Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Martinho da Vila e Nelson Sargento representando os pontos altos da safra sambista RJ - antes do frevo, maracatu e afins tomarem conta da cena em definitivo.

Neste sábado (14), consegui chegar a tempo de ver Mart'nália, que fechava a noite onde também estiveram presentes Junio Barreto e Mantingueiros (veja algumas imagens). Saudando o pai Martinho da Vila, agora aos 71 anos, Vinicius de Moraes e outros batutas do samba, ela levantou o povo com suas músicas swingadas pra lá do bem. O engraçado foi mesmo vê-la querendo agradar o público cantando alguns hits nordestinos sem saber a letra direito e pedindo ajuda às pessoas. A chuva veio, lavou e levou todo mundo embora. "Valheu, valheu ae!".Era quase meia-noite do sábado: e agora? A cidade estava vazia.

Ontem (15), a missão Fortim tinha a Velha Guarda da Mangueira e o "Fundo de Quintal" Arlindo Cruz. A Mesa de Samba Autoral, bastante atuante aqui no Recife, foi a primeira a se apresentar. Depois de muito prique-prique, consegui chegar já no meio do show da Velha Guarda (eita, sô!). O céu estava limpo e a música soava doce, a história desfilava e cantava ali na frente de todos nós, entregues ao sambão da terceira idade (o samba não tem idade).

Arlindo Cruz manteve a animação com seu pagode sambado ou samba-pagodeiro, mesmo que algumas canções fossem pura 'mela-cueca' de pagodeiro. O pior mesmo foi a exaltação da Rede Globo em um gingle do carnaval 09: alienação em alto tom que só colabora com a manutenção de uma lógica de comunicação falida e retrógrada.

Bem, hoje, querendo chegar na hora a todo custo, mais uma vez não consegui. A programação teve três atrações de peso: os pernambucanos Bongar, Siba e Fuloresta, e o carioca (mais um!) Marcelo D2 que, espero, deve ter levado fumaça e alguma fuleiragem ao Fortim...mantendo o respeito, é claro! Veja a programação completa aqui.

Para sobreviver num carnaval

Coisa boa na rede é a colaboração, veja só:

"Recebi Isso por email, e se aplica muito bem a forasteiros que como eu, chegam ao Recife e acabam gostando do carnaval "desde criancinha"! Como sobreviver ao carnaval de Pernambuco
Publicado em 13/02/2009 pelo(a) wiki repórter Didymo Borges, Recife-PE Este guia de sobrevivência do turista no Carnaval de Pernambuco foi elaborado por sujeito que foi meu colega de trabalho, Sidney Falcão. É um texto bem humorado e verdadeiro".

Leia o post completo no blog Cafuçulândia, de Cláudia Aires.

Ladeira Som Sistema

O DJ 440 disponibilizou um mixtape promocional de 20 minutos com temática carnavalesca. É só ir lá ouvir em streaming ou baixar o mp3. Clique aqui e vá seguindo o bloco: "Olinda mandou me chamar...".

Vai começar...Já começou, cafuçú!

Em Recife e Olinda é assim: carnaval bom mesmo começa uma semana antes e acaba uma depois! Ontem (12), o baile do bloco I Love Cafusú foi o pontapé (pode ser grito também, bem alto) primeiro do que prometem vir a ser os longos, desejados e insaciáveis dias de momo.

Acontecida no Preto Velho, o reduto olindense mais ziriguidum-telecoteco dos últimos tempos, este ano a festa levou todo mundo pro Recife Antigo (Armazém 14) em sua primeira versão tamanho GG.
Tinha muito flanelinha cheira-cola guardando carro e pedindo 5 real pra se estacionar na via pública. Tinha também os 20 rurais pra entrar na festa - o povo do sudeste acha graça quando a gente reclama de pagar 'só isso'.
Vencidas as etapas iniciais, vestido ou não de cafuçu (por que é com 's' mesmo, hein?!), o galpão quentura aguardava a todos. Ao menos a cerveja tava gelada enquanto todo mundo derretia. Felipe Machado era o MC da fuleiragem funkeira-bregatronic, urrando palavras de (des)ordem para o povo. E logo teve a banda Vício Louco e seus hits-podreira colantes e covers suspeitos. Mas todo mundo queria mesmo eram os 'sucessos de hoje e sempre', indo de Nega do Babado a Madonna (hum, que escala interessante...).
A madrugada de quinta já era quase sexta quando a bateria da GRES Preto Velho tomou conta do palco e fez os bêbados vários sambarem sob a luz do dia que já se via (nossa!) no cais recifense.
Ressaca pouca é bobagem. A gente acorda de manhã e já começa a cantar: "Vou te agarrar/vou te jogar na cama/Vou te deixar bem molhada/eu vou...". Haja cafuçisse!